DSS #039 | Proteção Auditiva: como preservar sua audição no ambiente de trabalho
Proteção Auditiva: como preservar sua audição no ambiente de trabalho
A audição é um dos sentidos mais importantes para o ser humano e, ao mesmo tempo, um dos mais sensíveis aos riscos ocupacionais. Em ambientes industriais, agrícolas ou de construção civil, o ruído constante é um dos principais agentes causadores de danos à saúde dos trabalhadores. Por isso, entender e aplicar corretamente as medidas de proteção auditiva é essencial para garantir segurança e qualidade de vida.
Exposição prolongada a sons intensos pode causar perdas auditivas irreversíveis, geralmente de forma lenta e silenciosa. O trabalhador, muitas vezes, não percebe o problema até que os sintomas se tornem permanentes. Nesse contexto, o uso adequado dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e a adoção de boas práticas no ambiente de trabalho fazem toda a diferença.
O que é o ruído ocupacional?
O ruído ocupacional é o som indesejado ou excessivo presente no ambiente de trabalho que, dependendo da intensidade e do tempo de exposição, pode prejudicar a audição. De acordo com normas regulamentadoras, o limite de tolerância para exposição contínua é de 85 decibéis (dB) durante uma jornada de 8 horas. Acima disso, há risco real de perda auditiva induzida por ruído (PAIR).
Além da surdez parcial ou total, o excesso de ruído pode causar outros efeitos colaterais, como dor de cabeça, irritabilidade, dificuldade de concentração, insônia e aumento da pressão arterial. Ou seja, o ruído não afeta apenas o ouvido, mas todo o organismo.
Equipamentos de proteção auditiva
Os principais EPIs utilizados para proteção auditiva são os protetores auriculares, que atuam como uma barreira física entre o ouvido e o ambiente ruidoso. Eles podem ser encontrados em diferentes modelos, sendo os mais comuns:
- Protetores tipo concha: envolvem totalmente a orelha e são ideais para locais com ruídos muito elevados. Oferecem excelente isolamento acústico e são ajustáveis, garantindo conforto durante longos períodos de uso.
- Protetores de inserção (plugues): são introduzidos diretamente no canal auditivo e podem ser reutilizáveis ou descartáveis. São leves, discretos e indicados para atividades que exigem mobilidade.
A escolha do modelo adequado deve considerar o nível de ruído, a duração da exposição e o conforto do trabalhador. Em muitos casos, o uso combinado de barreiras físicas e medidas de controle ambiental é a melhor estratégia de prevenção.
Cuidados e higienização dos protetores auriculares
Manter o EPI limpo e em bom estado de conservação é fundamental para garantir sua eficácia. Protetores reutilizáveis devem ser lavados regularmente com água e sabão neutro, enxaguados e secos completamente antes do próximo uso. Já os modelos descartáveis precisam ser substituídos diariamente ou sempre que apresentarem sinais de desgaste, sujeira ou perda de elasticidade.
Outro ponto importante é o armazenamento. Após o uso, o protetor deve ser guardado em local limpo, seco e protegido da poeira e da umidade. Isso evita contaminações e preserva a durabilidade do material.
Forma correta de uso
Não basta apenas ter o EPI — é essencial utilizá-lo corretamente. Veja as orientações básicas para garantir uma proteção eficaz:
- Antes de colocar o protetor, certifique-se de que está limpo e em boas condições.
- Para o tipo plugue, insira-o no canal auditivo girando levemente até ajustar, sem causar desconforto.
- No caso dos protetores tipo concha, posicione as almofadas sobre as orelhas e ajuste a haste para que o encaixe fique firme e confortável.
- Durante o uso, evite retirar o protetor em áreas com ruído intenso, mesmo que por breves instantes.
O uso contínuo é indispensável — retirar o protetor mesmo por alguns minutos pode anular toda a proteção adquirida durante o restante da jornada.
Treinamento e conscientização
O uso da proteção auditiva deve estar acompanhado de ações educativas. Cabe à empresa promover treinamentos sobre os riscos do ruído, a importância do EPI e o modo correto de utilização e manutenção. O trabalhador, por sua vez, deve compreender que o cuidado com a audição é um compromisso pessoal e diário.
Além do uso do EPI, é essencial que os empregadores invistam em medidas coletivas, como o isolamento de fontes sonoras, a manutenção preventiva de máquinas e o monitoramento constante dos níveis de ruído no ambiente.
Consequências da exposição sem proteção
Trabalhar em locais barulhentos sem proteção pode causar a chamada Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR), uma condição irreversível e progressiva. Os sintomas incluem zumbido, dificuldade para ouvir sons agudos e necessidade de aumentar o volume de aparelhos eletrônicos. Em estágios mais avançados, o trabalhador pode perder completamente a capacidade auditiva.
Além das consequências médicas, a perda auditiva pode afetar o convívio social, gerar isolamento e reduzir a qualidade de vida. Por isso, prevenir é sempre o melhor caminho.
Conclusão
A proteção auditiva é uma prática indispensável para preservar a saúde e o bem-estar no trabalho. Usar corretamente o EPI, cuidar da higienização e seguir as orientações de segurança são atitudes simples, mas que evitam danos permanentes à audição.
Proteger os ouvidos é proteger o futuro. O ruído pode até fazer parte da rotina, mas o descuido não precisa ser.

